domingo, 17 de agosto de 2014

Autoridades chegam ao velório de Eduardo Campos e Dilma é vaiada

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/autoridades-chegam-ao-velorio-e-dilma-e-vaiada

Autoridades de todo o país começaram a chegar ao velório do ex-governador Eduardo Campos, morto na última quarta-feira em acidente aéreo em Santos, no litoral de São Paulo. Campos está sendo velado ao lado de seu assessor de imprensa, Carlos Augusto Leal Filho (Percol), e do fotógrafo da campanha, Alexandre Severo, também vítimas do acidente. A presidente Dilma chegou à base aérea do Recife pouco antes das 10h, acompanhada do ex-presidente Lula, do ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante, do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do candidato petista ao governo do Estado de São Paulo, Alexandre Padilha. Ao se dirigir ao Palácio do Campo das Princesas, onde ocorre o velório, os petistas foram recebidos com vaias leves pelos simpatizantes que prestam as últimas homenagens a Campos. 

Também estão no Palácio o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acompanhado dos tucanos José Serra e Aloysio Nunes. Ao chegar próximo do caixão, Lula, junto com Padilha, se dirigiu à viúva Renata Campos e se deteve longos minutos consolando-a. Já a presidente Dilma se posicionou no lado oposto do caixão, longe de Lula e Renata. Os filhos de Campos permaneceram abraçados ao lado do pai, e também próximos de Marina Silva e ao governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES). Ao chegar ao Palácio, por volta de 9h50, Marina foi abordada por moradores que entravam no velório. "E agora, candidata?", questionaram. Ela respondeu que não era hora de falar nisso.

Estão ainda junto à família os tucanos Serra, Nunes e Teotônio Villela Filho, governador de Alagoas, além dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF) e da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA). Entre os mais emocionados, além da família de Campos, estão o prefeito de Recife, Geraldo Julio, e o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS).

A missa campal começou a ser celebrada pelo arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido, por volta de 10h20, quando a família se sentou próxima ao caixão de Campos, com a viúva Renata aferrada ao seu bebê caçula de sete meses, Miguel. Durante a missa, o ex-presidente Lula sentou-se ao lado da presidente Dilma. O candidato tucano ao Palácio do Planalto, Aécio Neves, chegou ao velório por volta de 10h30.

Outras autoridades que estavam presentes eram Wilson Martins (ex-governador do Piauí pelo PSB), Camilo Capiberipe (governador do AP), Luiz Fernando Pezão (candidato ao governo do Rio pelo , Eunício Oliveira (candidato ao governo do Ceará pelo PMDB), Marcio França (candidato a vice-governador de São Paulo pelo PSB), Luiz Marinho (prefeito de São Bernardo do Campo), Thomas Traumann (ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Humberto Costa (líder do PT no Senado) e Armando Monteiro (senador pelo PTB e candidato ao governo de Pernambuco).

Vaias — O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, disse que as vaias à presidente Dilma no velório de Eduardo Campos refletem a indignação da população. "O povo está indignado. Pediram até para tirar a coroa de flores (enviada por Dilma)", afirmou. Freire prevê o crescimento do movimento antigoverno nos próximos dias. "Ele era um crítico ao governo mais contundente que Aécio (Neves, candidato do PSDB). E isso vai ficar. As pessoas não o conheciam e querem saber agora o que o Eduardo pensava", comentou.

(Com reportagem de Bela Megale, Kalleo Coura e Talita Fernandes)

PACTO PELA VIDA

Eduardo Campos e sua revolução silenciosa

Por José Luiz Ratton*, especial para o blog Repórter de Crime, 14.08.2014
(http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/posts/2014/08/14/eduardo-campos-sua-revolucao-silenciosa-546075.asp#.U-5TkGiYBcM.facebook)

O Brasil perdeu ontem o político mais brilhante de sua geração. Eduardo Campos reunia um conjunto de características raras: compromisso com a justiça social e a democracia, vocação para o diálogo, enorme habilidade política e talento para a gestão.

Dentro do seu legado, que não é pequeno, destaco o compromisso corajoso e sistemático com a redução da criminalidade violenta em Pernambuco. Tive a oportunidade de ajudar a construir, ao seu lado e sob seu comando, a Política Pública de Segurança mais avançada, abrangente e bem sucedida do Brasil: o Pacto pela Vida. Combinando prevenção social da violência e repressão qualificada da criminalidade, gestão eficiente e participação social, Eduardo mostrou que segurança pública e os direitos humanos não são somente compatíveis, mas absolutamente complementares.

O Pacto pela Vida promoveu, entre 2007 e 2013, a redução de 40% na taxa de homicídios em Pernambuco e de 60% no Recife.

Através da integração entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, da articulação permanente com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, da criação de programas de prevenção da violência com foco nos grupos mais vulneráveis, Eduardo comandou pessoalmente, de janeiro de 2007 a fevereiro deste ano, uma revolução silenciosa na área de Segurança Pública em Pernambuco, introduzindo criativos processos de governança baseada em informação e em evidências. Obteve reconhecimento nacional e internacional recebendo prêmios da ONU e do BID para o Pacto Pela Vida e demonstrando praticamente que a redução do crime violento e a construção de uma sociedade mais segura são possíveis se forem transformadas em prioridades estratégicas dos governantes e colocadas no centro da agenda política nacional.

*José Luiz Ratton é sociólogo e Professor da UFPE
Assessor Especial do Governador Eduardo Campos para a área de Segurança Pública entre 2007 e 2012.